JARDIM DAS CAUSAS – JANEIRO EM TONS BRANCO-PAZ

Janeiro é o mês de … “Aqui vamos nós para mais um ano”.

O mundo tem girado a um ritmo alucinante! O público que mora  nesta terra, a única habitada por seres humanos, está a ficar doente!

As chuvas estão descontroladas, o sol incendeia cada vez mais florestas, o gelo desfaz-se em lágrimas e derrete-se em agonias. Guerras, secas, muros intransponíveis que separam o inseparável – as pessoas, poder, fome, a psicopatia.

Entretidos com as novas tecnologias, com o prazer dos “likes”, com o fast fashion, com o consumismo estonteante, com as fake news, com a imprensa sensacionalista, que conquista cada vez mais vítimas e com o individualismo que dá palco ao nosso umbigo, estamos, cada vez mais, a perder o norte, aliás, toda a rosa dos ventos.  Somos cada vez mais pessoas sós.

A acrescentar a esta extensa construção frásica estão … as Guerras! A luta pelo poder dos povos, das terras, das águas, dos recursos naturais, das palavras, das religiões, das histórias, dos mares, dos céus.

Nada disto faz sentido. Assistimos sentados, nos nossos sofás, a toda esta tragédia.

Crianças que choram no meio dos seus pais e irmão mortos e encostam a sua voz junto dos microfones da comunicação social internacional e perguntam “ Não nos portamos mal. Porque mataram a minha mãe?”.

Mulheres com as mãos abraçadas ao peito, abanam a cabeça para sacudir a dor da perda dos seus filhos, das suas famílias, das suas tristezas, das suas vidas.

Pais que escrevem, apressadamente, na pele dos seus filhos, o seu nome de batismo, a caneta à prova de água, mas não à prova de fogo, para que os possam identificá-los, um dia quem sabe, nos escombros de um atentado terrorista.

Homens-meninos, homens-adultos e homens-idosos são obrigados a esgravatar trincheiras, a matar desconhecidos, a esquecer a felicidade e a focarem-se no ódio.

Idosos que ficam pelos caminhos, sem estradas, em corredores humanitários (quando os há), atropelados pelo futuro que quase não existe, sem saberem o que fazer com a sua sabedoria, com o seu legado.

E os doentes… esses são os que morrem lentamente ao som das máquinas de um qualquer hospital, numa espécie de reunião trágica, onde a esperança não faz parte dos temas a abordar, apesar de todo o esforço titânico por parte dos profissionais de saúde.

Tudo isto é tão irracional. É tão medonho. É tão monstruoso.

O mundo é um lugar cada vez mais violento e a vida, na sua sequência coreografada, vai nos alertando para que não esqueçamos que sempre existe um lado B da vida. “Enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar” Jorge Palma.

E aqui entramos nós. O lado B da vida é o lado onde nos encontramos. Onde podemos ajudar com intenções, ações, reflexões, doações, entendimentos, relacionamentos, trocas e ética.

O JARDIM DAS CAUSAS – movimento artístico Yarn Bombing – pode ser uma pequena gota no oceano. Um gesto coletivo de solidariedade. Um despertar para a reflexão. Um momento de respeito pelas causas que nos compõem. Que nos fazem merecedores da vida. Do amor…

Aquela sensação de perfeita inutilidade ao vermos e ouvirmos as notícias do mundo, pode ser atenuada com um gesto simbólico, a elaboração de um trabalho. É como se de uma vela acesa se tratasse. Em vez de colocarmos uma vela pela PAZ, ornamentamos as árvores com PAZ,

Janeiro é mês BRANCO!

Que a primeira boa ação do ano seja oferecer ao Jardim Dr. Fernando Traqueia um testemunho da nossa bondade, solidariedade, compaixão e amor aos Idosos, Mulheres, Homens e Crianças que tentam sobreviver ao lado A da vida na Ucrânia, na Faixa de Gaza, em Israel, na Burkina Faso, na Somália, no Sudão, no Iêmen, na Etiópia, em Mianmar, na Nigéria e na Síria. E também em outros países que a paz está  camuflada.

Em resumo

A Causa é a PAZ.

A cor é o branco e os seus vários tons. (branco, crú, bege claro).

O nosso contributo será o trabalho realizado em croché, tricô ou macramé.

O resultado desta ação de reflexão comunitária é vestirmos as árvores com a nossa solidariedade numa tentativa de cessar fogo às consciências.

Contamos com a participação de todos neste movimento solidário. Uma vigília diferente:

– Figueirenses – portugueses, refugiados, imigrantes, e todos os que vivem e visitam a nossa Figueira do Mar. Participação de pessoas anónimas.

– IPSS´s, ONG e Misericórdias que apoiam a infância, a adolescência, os idosos, a deficiência, as pessoas em situação de exclusão social, os refugiados, os sem abrigos, entre outros. Participação dos utentes/famílias e funcionários/famílias.

– As Entidades Oficiais – Autarquia, Escolas, CHUC, Hospital Distrital da Figueira da Foz, Centros de Saúde, CPCJ, SAAS, SAAT , Rede Social – participação de funcionários e utentes/alunos.

– Instituições Culturais, Desportivas, de Recreio, Grupos de Voluntariado Organizado, Movimentos Cívicos. participação de funcionários e clientes.

– Entidades Particulares – Empresas, ATL´s, Comércio local, outros – participação de funcionários e clientes.

Os trabalhos podem ser entregues na Goltz de Carvalho ou na Padaria Dionísio, até meados de janeiro de 2024. Podemos também recolhe-los nas Instituições/Entidades. Pode ser um quadradinho, uma flor, uma circunferência, um pequeno cachecol, o que quiserem. O que importa é a mensagem. E essa é gigante!